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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Ofereceram-me, neste Natal, a agenda para 2009 da Imprensa Nacional Casa da Moeda, cuja edição é dedicada a Adolfo Casais Monteiro.
Como já é hábito, em cada ano a INCM dedica a agenda a uma figura das letras e da cultura, apresentando excertos das obras e fotobiografia da pessoa em questão. São sempre muito boas, as agendas. Vamos acompanhando a vida pessoal e familiar da pessoa, paralelamente ao seu percurso intelectual, político, etc. Tudo isto ilustrado com fotografias que marcam os acontecimentos privados e públicos das suas vidas e excertos das suas obras.
Deixo aqui alguns excertos, perfeitamente actuais:
«E então a comédia continua: uma sociedade que não se emenda a si própria quer que os seus filhos se emendem sozinhos ou sejam o contrário dela própria.
Para quê cultura, para quê livros, para quê arte? É que ela guardou na memória a fórmula daquilo de que na realidade deixou perder a significação.»
- o exemplo perfeito na actualidade é a farsa da educação, que querem seja anti-cultura, anti-arte, anti-literatura - e para quê? Leia-se o excerto seguinte.
«O que esteve sempre em questão foi a liberdade. Não a distinção de graus de liberdade, mas o seu próprio conceito. Foi o direito do homem a ser livre, foi o valor moral deste direito, que o Estado Novo teve como principal objectivo eliminar até do espírito de cada português. Toda a filosofia do Estado Novo se pode consubstanciar nisto: a liberdade é o mal, e governar é oprimir.»
- exactamente o que pensam e fazem, hoje, alguns dos que nos governam e todos os que nos roubam.
«Há quem se escandalize por haver no Brasil intelectuais portugueses que não se restringem às respectivas 'especialidades', e que, sendo professores, não se limitam a ensinar, sendo poetas, não se limitam a fazer versos, sendo pintores, não se limitam a pintar...etc. É que esses intelectuais são também 'especialistas' da outra coisa, se me permitem a ironia: têm a especialidade de ser cidadãos conscientes.»
- é por isso que hoje em dia se perseguem blogues - para impedir a manifestação dos cidadãos conscientes.
«Os portugueses estão em vias de descobrir que a revolução terá de ser a de cada um, que não se trata de lutas de partido, nem de perguntar pelo 'programa' da revolução, mas de salvar a própria razão de ser, para criar um mundo em que se tenha o direito de viver. Então será o fim do medo, e a hora de Portugal recomeçar.»
- a autonomia começa em cada um de nós?
«A triste verdade é que a vulgarização serve unicamente para dispor o espírito à aceitação cega e indiscriminada.»
- veja-se o papel dos 'media', sobretudo as televisões na aceitação da mediocridade.
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