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Sustentação 📚

por beatriz j a, em 21.09.19

 

via L'arte di guardare l'Arte

 

publicado às 09:18


Pensar o ensino do futuro

por beatriz j a, em 29.04.19

 

Acabo de ler um artigo acerca do modelo de ensino do futuro onde o entrevistado, reitor da universidade do dito estudo, defende a ideia de, no futuro, em vez de propinas, os estudantes pagarem à universidade uma mensalidade como na Netflix e as universidades serem centros onde os alunos vão buscar, ao longo da vida, informações, experiências e serviços.

 

A ideia dele assenta no pressuposto de as universidades serem centros de conhecimento híbridos onde juntam aulas tradicionais, por exemplo, mentoria, centros de comunicação e experiência. Um aluno pode fazer umas certas cadeiras de um curso e depois ir abrir uma empresa usando professores mentores e, mais tarde, voltar à universidade para completar estudos ou para juntar-se a outros e enveredar por um caminho diferente. Mais, nesta hipótese, os professores dos anos pré-universitários estão em contacto constante com a universidade e os próprios alunos desses anos secundários beneficiam de contactos em ambiente universitário.

 

Estas ideias parecem-me interessantes. A ideia dos professores das escolas estarem em contacto com as universidades é uma ideia que defendo há muito mas que custa dinheiro. Um professor tirar um ano sabático, de cinco em cinco anos, por exemplo, ou de seis em seis, para tirar um breve curso ou várias cadeiras de cursos diferentes de actualização de conhecimentos, numa universidade. Isto beneficia a qualidade do ensino não-universitário, dos seus professores e tem repercussões positivas nos alunos. Essas formações nem têm que ser completamente presenciais, pode fazer-se, como já se faz, em parte, em modalidade e-learning.

 

De qualquer dos modos as universidades seriam, de facto, centros de saber e de experiência aos quais os professores não universitários e os alunos, futuros trabalhadores, ficariam ligados e às quais regressariam de vez em quando para mudar de emprego, fortalecer os conhecimentos no seu emprego, etc.

 

No ensino não-universitário os alunos beneficiavam, em vez de aulas de cidadania e projectos interdisciplinares à martelada (estes projectos sempre existiram mas como obrigam a muito trabalho-extra, dependem da vontade dos professores e alunos), de poderem explorar interesses individuais; mas isto requer dinheiro para não se tranformar esses interesses neste erro desta equipa ministerial de subtrair 25% do currículo de uma disciplina retirando-lhe coerência, complexidade e valor. Seria necessário haver pequenas turmas que agregassem alunos de várias turmas com um interesse comum.... em astronomia, por exemplo, ou fotografia ou outra qualquer área do saber e do fazer.

 

A ideia de um ensino individualizado ao extremo, nestas idades adolescentes não me convence. Começo a ter a ideia de que é desagregador. Amanhã, como tenho aulas com uma turma onde uma aluna também foi a essa escola na Finlândia e esteve lá uma semana, e como a rapariga é inteligente e observadora, vou pedir-lhe que partilhe a experiência e conte o que viu e vou fazer-lhe perguntas porque até agora só falei com professores e não com alunos acerca dessa experiência. Depois conto.

 

publicado às 18:17


Os preconceitos combatem-se com conhecimento

por beatriz j a, em 16.09.17

 

 

Os preconceitos combatem-se com conhecimento. Conhecimento é exactamente o que falta acerca da comunidade cigana. Na realidade, só se fala de ciganos quando roubam, quando traficam, etc. Raramente se fala dos casos de integração e de sucesso dos ciganos de modo que ficamos com a impressão que todos os ciganos andam a roubar ou a traficar.

Este artigo sobre as iniciativas de integração da comunidade cigana é uma raridade. Acho que é a primeira vez que leio um artigo acerca de iniciativas positivas e casos de integração de pessoas ciganas.

Quantos ciganos existem no país? São novos, são velhos? Qual a situação de alfabetização? Têm casa, têm emprego? Quantos crimes de ciganos são de portugueses e quantos são de romenos ou outros que se deslocam ao país para aproveitar o fluxo de turistas? Etc., etc.

Imensas questões que importava conhecer para combater os preconceitos: sem conhecimento, nem as mentalidades mudam, nem as realidades se podem corrigir.

 

"O ensino superior é algo muito distante..."

 

publicado às 10:15


Acerca do medo dos refugiados e outros medos

por beatriz j a, em 23.06.16

 

 

 

via Sociedad De Filosofía Aplicada 

 

 

publicado às 07:20

 

 

 

Quando certas áreas da Física Teórica não são experimentáveis, pelo menos por agora, e a própria questão do método que faz a Ciência fica em causa, voltam-se para os filósofos para pensar.

Feuding physicists turn to philosophy for help

String theory is at the heart of a debate over the integrity of the scientific method itself.

 

Historian of science Helge Kragh of Aarhus University in Denmark drew on historical perspective. “Suggestions that we need ‘new methods of science’ have been made before, but attempts to replace empirical testability with some other criteria have always failed,” he said. But at least the problem is confined to just a few areas of physics, he added. “String theory and multiverse cosmology are but a very small part of what most physicists do.”

 

“Faced with difficulties in applying fundamental theories to the observed Universe,” they wrote, some scientists argue that “if a theory is sufficiently elegant and explanatory, it need not be tested experimentally”.

 

 

publicado às 16:45


Para o indivíduo sedento de conhecimento...

por beatriz j a, em 05.11.13

 

 

 

likeafieldmouse:Donald Lipski - From the series Building Steam (1982-5)

foto da net

 

publicado às 22:15


Eternamente crianças

por beatriz j a, em 11.07.13

 

 

 

 

 

 

O estudo, a procura da verdade, do conhecimento e da beleza -alguém disse- dá-nos a possibilidade de permanecer eternamente crianças.

 

 

 

Lucina Maleva

publicado às 08:57


o conhecimento tem muito de projecção

por beatriz j a, em 10.01.11

 

 

 

O caso do assassinato do Carlos Castro é perturbador. Acabo de ouvir na TV muita conversa sobre a fama e sobre se ele era gay ou prostituto (homossexualidade instrumental, chamou-lhe um psicólogo...) e com a pressão dum certo tipo de vida e tal... mas nada disso explica a brutalidade do crime. Se é verdade o que li sobre o tempo que o rapaz confessou que levou a agredi-lo (uma hora) e o modo cruel e repugnante como o fez, das duas uma: ou o rapaz estava com uma camada de droga alucinogénica, psicotrópica, ou qualquer coisa nele não bate seriamente bem.

Podemos visualizar um cenário qualquer que descambe em violência e que leve uma pessoa, num acesso de raiva descontrolada matar alguém: dar-lhe com qualquer coisa, ou disparar uma arma ou esfaquear, ou até bater-lhe descontroladamente até o matar e tal, mas torturar barbaramente durante uma hora?

De facto pensamos que conhecemos as pessoas mas isso é uma ilusão e muitas vezes há processos de desequilíbrio muito grave a decorrer dentro das pessoas que não são aparentes e que se desencadeiam em ambientes favoráveis, como os vírus encapsulados que se mantêm latentes e despercebidos num alvéolo qualquer dos pulmões e um dia, num ambiente específico, eclodem.

O conhecimento tem muito de projecção: projectamos nos outros aquilo que somos ou aquilo que queremos que os outros sejam. Depois, às vezes, têm-se grandes surpresas, ou choques, como neste caso. E é muito perturbador.

 

 

publicado às 20:30


memória e conhecimento

por beatriz j a, em 25.06.10

 

 

Aprendizagem e memória são duas faces da moeda do conhecimento.

Onde não há memória, é evidente que não retemos o que aprendemos e por isso não formamos conhecimentos. Mas, podemos ter a memória intacta e não ter conteúdo para ela: onde não há aprendizagem, nada fica retido nessas despensas enormes que são a memória e que nos alimentam constantemente a alma e a vida.

Há sítios, pessoas, que nos encheram uma despensa inteira de memórias que continuamente nos alimenta: prateleiras e prateleiras de conversas, de partilhas, de risos, de ideias, de vivências, de sabores de cheiros...  depois, a mais pequena coisa nos traz à memória visões dos sítios, visões das pessoas: situações concretas que ficaram ligadas por fio invisível a essas fontes de vida.

Mas sem conteúdos não há aprendizagem, não há nada para pôr na despensa - sem conhecimento nada fica retido na memória.

A memória funciona com caminhos (engramas). Tal como uma vereda no campo que não sendo utilizada desaparece sob a erva que cresce sobre ela também os caminhos da memória, se não são percorridos, perdem consistência, tornam-se vagos, irreais.

É por isso que pessoas com uma grande experiência de vida têm muitas histórias para contar. Têm despensas inteiras cheias de alimentos. Outras estão mais ou menos vazias, ou cheias de irrealidades se foi nisso que transformaram os outros - uma espécie de musas, fantasias, personagens duma peça imaginária. É claro que isso significa que sacrificam a pessoa real para que nada perturbe a sua vida imaginária.

publicado às 09:11


Uma mente brilhante, um filme brilhante

por beatriz j a, em 05.04.10

 

 

Acho esse filme do post aí em baixo -A beautiful mind- muito bom. Passo-o nas turmas do 11º ano, a propósito da ciência e dos problemas do conhecimento. Muita gente que conheço não gosta do filme porque acha que não retrata como deve ser, nem a vida do John Nash, nem a sua esquizofrenia. Mas eu não vejo o filme como um documentário biográfico, vejo-o como uma abordagem aos problemas do conhecimento e da ciência, e nessa medida acho o filme brilhante, nas questões que levanta e nas respostas que ensaia.

No filme, Nash representa a ciência no seu 'core': a procura incessante de padrões de penetração e explicação do real, que é, no fundo, a tentativa de transformar o caos em ordem com as leis científicas.

O modo como ele constrói a tese que lhe deu o prémio - o momento exacto em que a ideia lhe surge com toda a clareza como uma peça de puzzle que encaixa na perfeição no problema é óptima para mostrar o que é o processo de incubação daquilo que vulgarmente se chama a 'descoberta científica'.

A crença que ele tem no 'método' bem como a crença que todos os outros têm nele (ao ponto de não se aperceberem dos seus desvios de comportamento) representa a fé cega na ciência, como única explicação do real e no método científico como a 'vara' que descobre o ouro enterrado. Isso mostra muito bem a crença vulgar de que a ciência é capaz de tudo, muito parecida com a crença em 'magia'.

Até meio do filme não percebemos que o seu amigo e a sobrinha, mais o dos serviços secretos são entes imaginários. Só a meio do filme, e de repente, somos confrontados com esse facto. Isso é um choque que não estamos à espera, e tem um efeito pedagógico nos alunos que podemos depois explorar para explicar como é que, estando imersos numa realidade, não nos apercebemos dos seus contornos e como é preciso ultrapassar os seus limites para termos uma visão do todo, sem a qual a fé é sempre cega.

O critério que Nash usa, no filme, para tomar consciência das suas alucinações (a miúda nunca crescer) é um critério de coerência lógica, o que exemplifica na perfeição o problema da necessidade de princípios heurísticos e dos critérios com que aceitamos outros critérios para fundamento da compreensão/explicação do real.

Duas cenas com a mulher dele mostram muito bem os limites da ciência e a seu apoio na própria crença, sendo que o único problema está em não termos consciência que a crença é crença e tomarmo-la por verdade única, dogmática.

A primeira dessas cenas é a aquela em que ele pede a mulher em casamento dizendo que precisa duma certeza de que ela o ama e que isso é real, ao que ela responde com a pergunta, porque é que ele acredita que o universo é infinito e trabalha tendo isso como princípio mesmo não sabendo ao certo se o é. Ele responde que é um acto de fé. Esta cena, onde ela o faz tomar consciência do lugar da fé na própria ciência mostra também que o dominio da ciência não é total. Há coisas que estão fora da sua explicação.

A segunda cena é essa representada na fotografia do post abaixo onde ela lhe diz que para além das hipóteses da sua loucura na busca de padrões (os indivíduos imaginários) há outras coisas reais (como o amor dela, que sendo da ordem do sentimento e não da razão, foi a única coisa com a qual ele afinal sempre pôde contar) e que precisa de acreditar que algo de extraordinário é possível, quando lhe pergunta se ele é capaz de lidar com os seus 'demónios' de modo a poderem ficar juntos. No fim do filme ele diz que agora escolhe ver os 'amigos imaginários' como uma hipótese paralela à qual tem de resistir, como uma espécie de dieta mental. Eu escolho interpretar essa cena como uma metáfora para a necessidade que a ciência, ou os cientistas melhor dizendo, têm de resistir às tentações de poder absoluto na apropriação do real pois o risco é a desvirtuação da ciência no seu propósito de transformar o caos em ordem, e a sua substituição pelo caos da loucura cujos exemplos são às carradas, desde a bomba atómica à questão da origem da SIDA, da venda de doenças e guerra por todo o planeta.

Essa cena também me serve a mim para desconstruir junto dos alunos a imagem (errada) que eles têm do cientista, não como um homem com todos os seus defeitos e complexidades, mas como uma espécie de ser infalível que está acima dos outros nas certezas e conhecimentos do real. Mesmo a esquizofrenia dele, apesar de poder estar representada de modo um pouco leve, mostra como a explicação da Psicologia/Psiquiatria/Psicanálise não esgota, nem é suficiente para tomar conta do problema.

Finalmente, o filme mostra a fragilidade do conhecimento humano face à imensidão e complexidade de tudo o que há para saber e isso permite pôr as coisas no seu lugar em termos da ciência como um dos caminhos (mas não o único) de acesso ao real.

publicado às 07:38


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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