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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje fiquei a saber que a Câmara de Setúbal tem uma iniciativa para dinamizar e integrar os moradores da Bela Vista na comunidade mais alargada da cidade, mudando os hábitos dos mais novos. Então têm monitores que escolhem jovens do bairro para serem responsáveis por grupos de crianças com quem realizam actividades, nas férias, que podem ser de ida a um museu, ao cinema ou outro sítio qualquer do género, quer dizer, actividades culturais e de integração na vida social.
Isto é bom para os miúdos, alguns dos quais nunca tinham saído do bairro a não ser para ir à escola e voltar e, ainda, porque vêm nestes jovens mais velhos modelos de comportamentos sociais desejáveis; é bom para os jovens que ganham autonomia e sentido de responsabilidade bem como identidade e respeito na comunidade e, quem sabe, pode ser que se crie uma corrente no tempo alargado que mantenha estas práticas dentro de um bairro muito estigmatizado a precisar de um outro olhar.
Tenho uma aluna que tem um grupo de dança com outras amigas e que tem esse mesmo objectivo de mudar o olhar que o bairro tem de si mesmo e o olhar que os outros têm do bairro. Espero que este esforço não esmoreça porque é evidente que sem este empurrão de fora por parte da Câmara estas coisas não aconteciam.
Hoje falava com o André sobre isto e ele dizia, com razão, que o Estado devia ter creches e infantários gratuitos para estas pessoas para que começassem, logo desde muito tenra idade, a receber uma socialização integradora por parte de profissionais de educação porque o que acontece é que andam por aí à solta até à idade de irem para a escola, aos 6 anos mas, nessa altura, já evidenciam um grande desnível social relativamente aos outros miúdos que depois acaba por perpetuar estas situações de exclusão e estigma.
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