Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




"Art of the Steal"

por beatriz j a, em 15.12.17

 

 

É um documento extraordinário acerca da colecção Barnes: de Albert C. Barnes, o coleccionador, acerca da sua Fundação e acerca do modo como políticos e milionários, que ele desprezava profundamente, depois da sua morte, arranjaram maneira de lha roubar.

Barnes foi um indivíduo notável que sendo de origens humildes fez fortuna e com ela veio para a Europa onde se apaixonou pela arte pós-impressionista e do início do século XX. Viajou, conheceu os próprios artistas e juntou uma colecção com o melhor do melhor que eles pintaram. Era um indivíduo com olho e gosto para a arte e só comprava o melhor de cada um.

Em Filadélfia, onde a mostrou, os museus e os críticos de arte desprezaram a colecção que nem sequer consideravam arte. Estamos a falar dos melhores trabalhos de Cézanne, Sauret, Matisse, Picasso, etc., mais tarde cobiçados por todos os museus e grandes coleccionadores. Barnes estava muito à frente de seu tempo e da mentalidade da época.

Barnes não se coibia de dizer em voz alta que os directores dos museus, colecionadores e críticos de arte eram uns comerciantes ignorantes e prostitutos. Não queriam saber, nem percebiam muito de arte, queriam era poder e dinheiro.

Construiu uma casa numa propriedade perto de Filadélfia e fez uma Fundação para a sua colecção com o intuito de educar, de mostrar a arte como uma actividade humana que nos mostra a todos como iguais, o que se vê pela semelhança da produção artística, desde as máscaras africanas aos pós-impressionistas. Deixou escrito que proibia o empréstimo, venda ou deslocação das obras, pois estavam dispostas de um modo pedagógico calculado e também porque não entendia a arte como um comércio, como fazem os museus e os dealers, nem a Fundação como um meio de fazer lucro mas antes como um serviço à comunidade.

Depois de morrer, políticos ambiciosos, juntamente com directores de museus e seus patronos bilionários arranjaram modo de depauperar a Fundação para terem pretexto de violar os termos do testamento dele. O documentário conta a história desse ataque, ao pormenor, por dentro.

Documento muito instrutivo, algo revoltante, acerca do MO de políticos e seus manipuladores.

Hoje em dia a colecção está num edifício no centro de Filadélfia a engrossar as filas de turistas e a encher os bolsos dos políticos da Câmara e de outros museus.

Certas pessoas que se julgam elites intelectuais (esta semana uma colega dizia-me que numa festa uma deputada aqui do rectângulo dizia que estão a querer fazer uma elite em Portugal e que isso não é compatível com enfiar dinheiro na escola pública... uma elite de rapaces, com certeza...) são apenas elites de comerciantes, como o Trump, apenas em ponto mais pequeno, com mais verniz e menos descaramento, mais comedidos mas, como dizia Barnes, uns ignorantes que só querem poder e dinheiro.

 

 

 

publicado às 18:15


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D



Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics