"O facto de, no novo diploma que está em discussão, se prever que os coordenadores dos departamentos nas escolas sejam eleitos e não nomeados fragiliza a liderança dos diretores, que não podem sequer escolher a sua própria equipa", exemplifica.
Saiu alguma legislação que tivesse modificado as funções dos Coordenadores? É que os Coordenadores, por lei, são os representantes dos Departamentos no Conselho Pedagógico. A sua função é dar voz aos grupos disciplinares, nomeadamente quantos às necessidades e sensibilidades específicas das disciplinas existentes nas escolas, de modo a que a educação não aconteça à revelia e contra os interesses dos alunos por desprezo e ignorância das necessidades e modos de funcionamento dessas disciplinas. Como muitas vezes os interesses políticos ferem de morte os pedagógicos, a lei estabeleceu assim um modo das disciplinas não poderem ser completamente obliteradas das questões educativas. Ou seja, os Coordenadores nunca foram da equipa do Diretor. A equipa do Diretor é constituída pelo vice-diretor, mais os outros adjuntos. Portanto, ou a lei mudou -é essa a minha dúvida- o que seria mau e empobrecedor para a escola, ou não percebo estas declarações.
Uma das coisas que tem posto as escolas a funcionar muito mal é justamente o esvaziamento e a confusão relativamente às funções dos Coordenadores desde que passaram a ser nomedados pelos Diretores pois nem representam os colegas nem têm autonomia de maneira que desapareceu completamente a autonomia dos grupos disciplinares e, com ela, todo o trabalho que desenvolviam.
Eu já fui Coordenadora, nos anos em que, pela primeira vez se criaram estes mega-departamentos. Sabia muito bem quais eram as minhas funções: representar os colegas dos vários grupos disciplinares do Departamento e, ao mesmo tempo, tentar decidir sempre com uma visão global da escola e dos compromissos que por vezes são necessários. Não havia subserviência: por vezes tínhamos que ceder por interesses maiores da Presidente do Conselho Diretivo (na altura) e por vezes era ela que cedia se o interesse pedagógico fosse mais importante.
Agora, acontece frequentemente nem se saber no C. P. dos problemas das disciplinas e da escola porque, como os Coordenadores centram a sua acção em dar ordens e avaliar colegas, nem eles próprio, muitas vezes, sabem os problemas das disciplinas ou o que se passa na escola em geral. Há um divórcio muto grande que prejudica o trabalho.
É uma falta de educação democrática entender que ter que ouvir a voz dos outros constitui uma fragilização e perda de eficácia quando é justamente o oposto! Ouvir a voz dos outros aumenta a eficácia porque aumenta o conhecimento e a possibilidade de acção atempada, logo, eficaz, sobre os problemas. Diminui as tentações de abusos de poder e dá utilidade pedagógica aos Coordenadores.