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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
A variável determinante são as características de cada um: o desempenho escolar é pré-escolar, nasce com eles. (...) A escola é um pormenor: estes miúdos [os bons alunos] são bons alunos em qualquer parte do mundo e apesar de qualquer escola, ministro ou professor.
(...) O nosso sistema não sabe transformar um mau aluno num aluno médio e um aluno médio num bom aluno. Não tem tempo, não tem pedagogia, está soterrada em burocracia, está refém dos maus professores - é irrelevante os professores serem bons ou maus -, vive no sobressalto com as alterações nos currículos, metas e manuais.
Segundo esta mãe de família os bons alunos são-no por questões genéticas e os professores não têm nenhuma influência na sua progressão. Já os maus alunos ou médios dependem dos professores para progredir só que os professores são péssimos e as escolas também. Portanto, os maus e médios alunos não têm genes? As suas fracas capacidades, para usar o ponto de vista desta mãe que atribui aos genes as boas capacidades dos bons alunos, não têm origem genética e não são, como os dos bons alunos, indiferentes à qualidade dos professores? Se não podemos influenciar um bom aluno porque são os genes que o fazem ser bom como podemos influenciar um mau aluno se os seus genes o fazem ser mau(?), para usar o argumento desta mãe. Quer dizer que há seres humanos cujos genes são independentes de influências exteriores e seres humanos cujos genes são dependentes de influências exteriores?
O resultado é que hoje a escola é um dos principais senão o principal fator desestabilizador das famílias: um miúdo considerado mau aluno pela escola corre o risco de ser considerado mau filho pelos pais.
A culpa também é nossa, dos pais? Seria, se não fosse obrigação da escola adaptar-se à realidade das famílias em vez de serem as famílias a terem a obrigação de se ajustar à esquizofrenia do nosso sistema educativo.
Esta mãe acha que os pais que consideram os filhos maus por terem maus resultados na escola não têm que mudar a sua perspectiva, acha que os professores é que devem dar boas notas a todos, mesmo aos que não trabalham e nada fazem, para que os pais não tenham esse esforço de gostar dos filhos e apreciá-los enquanto seres humanos, apesar de terem maus resultados escolares.
E naturalmente os pais não têm culpa porque a escola é que tem que adaptar-se às famílias. Deixa ver, se a família tem pais alcoólicos a escola deve promover a ingestão de álcool; se há violência física e verbal nas famílias a escola deve adaptar-se e treinar os alunos para a violência física e verbal; se os pais são preguiçosos, não vão à escola saber dos filhos, não os ajudam em nada, a escola deve promover a preguiça e a falta de responsabilidade nos alunos e por aí fora?
O que parece é que esta mãe teve uma angústia qualquer com as notas de um filho e como pode vociferar a sua fúria nos jornais é o que faz. Os pais de hoje vêm os filhos como clientes de uma empresa -a escola- que deve fazê-los felizes e transformá-los, como que por magia, em Einsteins, mesmo que os pais se demitam da sua obrigação de pais e só façam asneiras que estragam os filhos para o estudo como vemos em centenas de casos.
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