Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]





Estes títulos sempre enganadores...

por beatriz j a, em 17.03.16

 

 

Tecnologia nas escolas? É inevitável e abre novas vias

O próprio governante lembrou, num colóquio sobre currículo e práticas escolares em Portugal e na Finlândia que "antes só o professor era detentor do conhecimento e agora o conhecimento anda no bolso de todos e está à distância de um clique".

 

A dar a entender que em Portugal ainda não se usam tecnologias de informação e é tudo atrasado e a confundir informação com conhecimento.

Em primeiro lugar há muito tempo que usamos essas tecnologias e em segundo lugar, o que está à distância de um clique são as informações, não os conhecimentos. Os alunos não têm mais conhecimentos, nem são melhores a construir conhecimentos e a maioria deles não sabe usar a informação disponível na internet. Onde há escolha ilimitada e oferta ilimitada, se não há critério pedagógico de escolha, o que há é dispersão, confusão e maus hábitos.

 

A questão é saber se se deve deixar usar telemóveis e tablets nas aulas, sabendo nós que eles os usam para estar no FB ou a jogar ou a copiar.  A questão é que o uso que os alunos dão a esses dispositivos, fora da escola, vai todo no sentido da diversão fácil e da dependência das redes sociais: os grandes vendedores de sonhos chamados Zuckerbergs e afins exploram isso ao máximo e, contrariar essa tendência para a constante procura de prazer e entretenimento, requer mais do que estas larachas que estes governantes dizem para ficar bem em público. Requer uma abordagem séria acerca de como educar os alunos, desde cedo, a usarem dispositivos nas aulas de um modo diferente daquele que costuma ser o seu uso nos tempos de lazer e, sem o usar para a fraude.

 

Pessoalmente, na minha prática lectiva, só deixo usar telemóveis e tablets com ligação à internet depois da turma estar disciplinada, o que significa, saberem as regras da sala de aula, perceberem a sua razão de ser e adoptarem-nas sem conflitos nem confusões. E, mesmo assim, usa-se quando é pertinente e não para tudo e mais alguma coisa.

 

A internet é uma fonte de informação tal como eram e, são, os livros: apesar de havê-los muitos e sobre tudo e mais alguma coisa, não deixamos os alunos escolher sozinhos qualquer livro ao acaso e estar na aula a ler o que lhes apetece com o argumento de que, se os livros têm informação sobre tudo devemos deixar os alunos usá-los como quiserem... isto parece-me evidente. 

 

Onde há constante conflito é impossível haver ambiente de aprendizagem e a verdade é que os alunos chegam ao 10º ano, habituados a estar com o telemóvel ligado no FB e no Instagram durante as aulas em vez de trabalhar de modo que é necessário que desaprendam esses hábitos para poderem aprenderem os bons hábitos e isso leva tempo porque eles resistem durante algum tempo a trocar o prazer e o entertenimento pelo trabalho. É preciso que eles vejam o professor a utilizar a internet de modo pedagógico para perceberem como se usa e as possibilidades de uso para além do entertenimento e da auto-indulgência e isso leva tempo.

 

Ora, tempo é uma coisa escassa para as exigências dos programs e dos currículos. Se temos que estar a educá-los nas coisas básicas uma e outra vez nunca saímos do básico. Não os educam em casa a usar a internet ou, pior, deixam-nos à solta a desenvolver todos os maus hábitos nesse capítulo. A quantidade de alunos viciados em pornografia e em ver violência... Portanto, isto não é uma questão simples como se quer fazer parecer, nem é uma questão de as escolas e os professores não quererem mudanças.

 

Na educação, porque se lida com pessoas, nada é simples e linear, nada é universal no sentido de podermos obrigar à uniformização de práticas rígidas como se os alunos e, os professores, fossem um pedaço de matéria que se comporta sempre do mesmo modo nas mesmas condições e, nada é útil se deseduca em vez de educar. Não se perceber isto tem sido causa de grandes erros na educação e nas políticas de educação. Pessoalmente, não faço nada, mas nada, que entenda, com razões fundamentadas e de modo convicto que vai contra os interesses dos meus alunos a não ser que me mostrem, também com razões fundamentadas, que o meu ponto de vista é incorrecto ou, pelo menos, menos correcto que outros.

 

 

publicado às 04:28


Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D


subscrever feeds


Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics