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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
As pessoas sujeitarem-se a ser presas e deportadas para defender ideais como aconteceu a muitos portugueses, sobretudo do PC. Soares teve dois momentos importantes para a vida democrática no pós-25 de Abril, na minha opinião [embora não seja o pai da democracia nem tenha sido aquilo que a propaganda do PS anda aí a pregar em tom dogmático e religioso porque a nossa democracia teve vários pais] mas, no pré-25 de Abril, teve vários momentos importantes: foram todas as vezes em que esteve preso e deportado, obrigado a viver uma vida de ostracizado.
(A marcha fúnebre de Chopin é tão bonita que não sei porque não a tocam sempre o tempo todo nestas ocasiões.)
Castigo. No final do salazarismo, o regime tentou vergar o advogado oposicionista, fixando-lhe residência numa ilha de clima tropical e em que poucas pessoas ousavam falar com o degredado.
"Levava um fato de flanela espesso, próprio do inverno lisboeta" quando aterrou em São Tomé e sentiu o "calor insuportável" do arquipélago que fica na linha do equador, recordará num artigo no Expresso (citado na Fotobiografia). A sugestão tinha sido do diretor da PIDE, Silva Pais, e o inspetor Sachetti, "impecavelmente vestido e perfumado" quando o informou da decisão de lhe fixar ali residência, comunicou-lhe: "Dentro de meses ninguém se lembrará que houve um advogado chamado Mário Soares" (idem).
Na origem do desterro estava o caso de pedofilia, investigado pela Judiciária, que envolvia ministros de Salazar e ficou conhecido como Balletts Roses. O escândalo tinha-lhe sido contado, em casa de Sophia de Mello Breyner, pelo advogado Pires de Lima. Depois, o socialista foi visitado, no seu escritório, por um jornalista do Sunday Telegraph e, após sair a notícia, pela PIDE, que ali o prendeu sem mandado. O ministro Franco Nogueira anota, a 11 de janeiro de 1968: "De grande excitação o ambiente de política interna. Escândalos de alguns políticos com raparigas menores, supostos, exagerados, ou verdadeiros, são pretexto. Mas o caso é mais complexo e profundo: trata-se de ataque frontal ao Governo de Lisboa, e não só por elementos da oposição portuguesa" (Um Político Confessa-se).
Três meses preso, como de costume acusado de "atividades contra a segurança do Estado", antes de o habeas corpus pedido pelo advogado socialista José Magalhães Godinho ter efeitos práticos, foi libertado. E, em março de 1968, o subdiretor da polícia política informa-o que ia ser deportado, por tempo indeterminado e sem fundamento legal - e "eu nem sabia ao certo onde estava São Tomé no mapa" (Ditadura e Revolução) .
"No torvelinho do choque entre governo e oposições", regista Franco Nogueira na Biografia de Salazar, "é detido Mário Soares, contra quem a polícia afirma possuir provas materiais, que diz irrefutáveis, e que demonstram a sua responsabilidade na campanha [para enfraquecer o regime]; é-lhe fixada residência em São Tomé pelo chefe do Governo e da decisão é interposto recurso para o Supremo Tribunal Administrativo" - e será com base nesse recurso que Marcello Caetano, ao subir ao poder, deixará regressar a Lisboa o seu ex-aluno de Direito, numa espécie de aceno à sua anunciada abertura.
"Nunca tinha ido a África antes" e, vendo ainda a polícia a agredir família e amigos que se tinham ido despedir ao aeroporto, foi para o desterro num voo direto para Luanda e, dali, num "teco-teco" para São Tomé (Fotobiografia), acompanhado pelo inspetor Abílio Pires, o "especialista dos intelectuais" (Uma Vida). Depois do choque ao sair do avião (40 graus, toda a agente de roupa branca e em mangas de camisa), alojou-se numa pensão. "Aquele ambiente morno e sonolento [que se vivia na ilha]", escreverá Mário Jesus da Silva, "foi um pouco agitado quando ali desembarcou o Dr. Mário Soares, exilado por razões políticas" (Sortilégio da Cobra).
Por essa época, também se alojavam na pousada de São Jerónimo muitos mercenários que participavam na guerra do Biafra, que Portugal apoiava pouco discretamente, permitindo armazenamento e trânsito de armas e de medicamentos em aviões Super Constellattion - até o dinheiro do novo país foi impresso na Casa da Moeda. Suecos, alemães ou portugueses, os pilotos dos frágeis aviões T-6 e Minicoin (também conhecidos como "Biafran Babies"), que enfrentavam os poderosos caças Mig da Nigéria, numa "guerrilha dos pobres", recebiam por mês o equivalente ao preço de dois automóveis Jaguar. Em Lisboa, os amigos convencem-se da hipótese "de um mercenário ser pago para sobre ele exercer qualquer tipo de violência", mas o deportado "acabará por estabelecer laços do mais cordial convívio com os aventureiros seus vizinhos" (Uma Vida).
Mário Silva, que se tornou um dos poucos brancos da colónia que fazia questão de privar com o oposicionista, lembra que, certa vez, "à saída do restaurante, estava parado a uns vinte metros um velho Volkswagen "carocha" preto, em direção ao qual o Dr. Mário Soares dirigiu um aceno bem-disposto e irónico, que nos despertou a curiosidade. Era a PIDE local, que mantinha uma vigilância adesiva e permanente, seguindo-lhe todos os passos" (Sortilégio da Cobra).
E, no dia 24 de maio, o ditador anota na sua agenda o tema da audiência ao governador de São Tomé: "estadia do Dr. Mário Soares" (Salazar - Uma Cronologia, de Fernando de Castro Brandão). O representante do Governo parecia quase tão aflito como o chefe da PIDE local, que mobilizava os seus 22 agentes para vigiarem o deportado dia e noite.
"A sua vida em São Tomé decorre entre a curiosidade dos seus habitantes, classificados em estratos raciais, de acordo com os esquemas típicos de exploração implantados nas velhas colónias"(Um Combatente do Socialismo). Isolado na ilha até novembro, ao tentar defender um pobre empregado acusado de furto - "estudei o processo como nunca tinha estudado nenhum, fiz daquilo o processo do regime" (Uma Vida) - percebeu que não podia advogar, pois a sentença do juiz, para espanto geral, foram 13 anos de prisão. Ainda tentou, como Maria Barroso, ser professor do liceu. Sem êxito. Também o convite para ser advogado, com uma avença, da roça de Água--Izé, da CUF, lhe seria retirado, após pressões da polícia para a empresa não contratar "tão nefasto advogado, traidor à pátria".
Quase sem ninguém com coragem para lhe falar (os negros deixavam-lhe discretamente, à porta, frutas e mariscos como manifestação de simpatia), a PIDE nem o deixou enviar uma carta de condolências ao embaixador americano pela morte de Martin Luther King - e só saberia do parisiense Maio de 68 através de um transístor, que lhe tinha chegado clandestinamente, em que ouvia a Rádio Brazaville.
Uma das exceções ao medo geral - além de Mário Jesus da Silva e mulher, da família Malveiro, do engenheiro Goulão (da roça Água-Izé) e poucos mais, todos alvos de avisos da PIDE ("não será bom manter esse convívio; pode ter consequências desagradáveis") - foi o alferes miliciano Eduardo Fortunato de Almeida. Homem de confiança do governador e que pertencia ao Quartel-General do comando militar, mas que tinha sido seu aluno no Colégio Moderno e, na altura a cumprir serviço militar na colónia, procurou o político e afirmou-lhe a sua solidariedade. Soares nunca esqueceu o gesto. Como nem todos os envelopes chegavam ao destino, pois a polícia política, como repetiria nos anos de exílio, ficava com vários, Fortunato de Almeida passou a ser intermediário seguro, pois "levava as cartas [endereçadas em seu nome]debaixo da boina ou do chapéu" (Uma Vida). E Mário Silva recorda, em Sortilégio da Cobra, o muito que se riram quando "a alfândega não deixou passar e lhe reteve o livro O Vermelho e o Negro, de Stendhal. Talvez por causa do "vermelho", que podia cheirar a marxismo".
Em Lisboa, os socialistas formavam o que a polícia política designava como a "Comissão de Socorro [ou Auxílio] ao Dr. Mário Soares". Ao mesmo tempo, choviam telegramas e cartas de protesto em Belém e em São Bento, da Fédération Démocratique Internationale des Femmes, da Liga Portuguesa dos Direitos do Homem, de professores da Universidade de São Paulo, dos exilados no Brasil (esta dirigida ao cardeal Cerejeira) e da Amnistia Internacional. "Fui um dos beneficiários dessa organização humanitária, que me declarou, em 1968, 'preso do ano'" (Elogio da Política). O relatório da Amnistia dizia que "o mais famoso exemplo deste tipo de atuação da PIDE [prisões sem culpa formada e medidas de segurança adicionais às penas] é o caso do conhecido advogado e social-democrata opositor de Salazar, Dr. Mário Soares".
Palma Inácio (autor do desvio do avião da TAP) fez um plano para o libertar, que Soares achou "sempre uma loucura" (...): teria de sair de noite, numa piroga, para apanhar um barco fora das águas territoriais de São Tomé. Embora o plano fosse [viável] (...), o mar estava infestado de tubarões (...). Encarou-se depois a hipótese de fuga de um helicóptero que pousaria no próprio aeroporto", mas "nunca se arranjou" (Ditadura e Revolução).
Até que, uma manhã, no barbeiro - que era " retrosaria, drogaria, livraria e papelaria" (Fotobiografia) -, ouviu na rádio que Salazar caíra da cadeira. Nessa altura, lembraria Mário Jesus da Silva, "tinha na sua posse uma carta recente de Marcello Caetano, em que este referia que não concordava com o exílio a que o tinham forçado e que, se estivesse na sua mão, o faria regressar com a brevidade possível. Estava lá escrito, preto no branco" (Sortilégio da Cobra). O sucessor de Salazar - e Soares acalentou o projeto de escrever uma biografia do ditador, pois "gostava de conhecer melhor essa figura e o seu tempo" (O Que Falta Dizer) - deixa regressar o oposicionista, mas, lembrava Raul Rego, no Diário Político, "não se deixou dizer [nos jornais], na altura". (DN)
Eu sei que temos sorte em ter este clima ameno. Estava a ver o tempo para hoje: 16º de máxima, 8º de mínima aqui nesta região. Isto enquanto em outros países as temperaturas máximas são negativas, as pessoas gastam fortunas com o aquecimento, passam dias sem ver o sol, o chão com aquele gelo negro em que a neve se transforma. No entanto, nestas alturas tenho saudades dos Invernos brancos em Bruxelas... o Cinquantenaire ali a dois passos, coberto de neve, os castanheiros como esculturas a preto e branco e a minha casa sempre quentinha.
imagem da net
... que passe o funeral de Soares para ver se alguém diz alguma coisa sobre os juros da dívida irem já nos 4%. [também porque os jornais e os canais informativos da TV atingiram o ponto de náusea total com este endeusamento da pessoa que já leva dias inteiros sem parar a ocupar tudo, de tal maneira que prefiro ver nada que aturar esta endoutrinação - é por estas e por outras que o povo está completamente divorciado dos políticos - cada vez mais parecem os actores quando se enfiam numa sala a dar prémios e fazer elegias olímpicas uns aos outros - as pessoas gostam de ver o fausto mas sabem que aquilo não é real]
Assim que se apanha no cargo desata a nomear a família toda para os lugares vagos. O povo americano a trabalhar para enriquecer a família barbie e os seus amiguinhos kens.
Neste dia, a temperatura de Barrow, normalmente com uma temperatura média de 5 graus negativos, estava nos 33 graus positivos.
Entretanto, o Trump, a família barbie e amigos que se preparam para subir ao poder ridicularizam esta questão como se fosse uma invenção para o chatear pessoalmente.
O Obama tem algumas responsabilidades nisto. Esteve quase uma década na Casa Branca. Chegou lá mesmo a seguir à crise da banca quando podia ter travado as ambições tresloucadas dos predadores de Wall Street e não o fez. Aliás, enquanto ele esteve na Casa Branca, o fosso entre ricos e pobres aumentou assustadoramente para níveis de há um século.
É tão difícil apanhar em cargos de muito poder pessoas de consciência global que é difícil não ficar desiludido quando vai lá parar um e não aproveita o tempo que tem para fazer o que tem que ser feito. Ele sai de lá sem fechar Guantanamo, com o Médio Oriente no caos por causa dos erros na Síria, a Ucrânia assediada pelo Grande Urso e famílias de predadores que não foram enfraquecidos prestes a ir para o poder.
Os tempos não estão risonhos. É preciso que toda a gente que pode fazer oposição a estes cancros malignos a faça, seja que tenham peso na política como o Bernie Sanders ou em outros palcos, maiores como ontem a Meryl Streep ou menores, como o perímetro da nossa acção pessoal.
O que não se faz no início custa dez vezes mais no meio ou no fim.
Temos que pensar mais ou menos como o Salgueiro Maia, a quem devemos, com os seus 'brothers in arms', a nossa liberdade e, que, depois de feito o que se tinha proposto fazer foi-se embora e não quis ser o dono da democracia,
“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”
O estado a que chegámos na questão do clima, das tensões no planeta, dos governos 'bullies' e dos populismos crescentes, precisam de muitos Salgueiro Maia ou que cada um seja um pequenino Salgueiro Maia.
“On ne naît pas femme : on le devient.” (Não se nasce mulher, torna-se mulher)
... fica aqui uma fila para apanhar o autocarro, em Londres.
http://www.bbc.co.uk/news/uk-england-london-38551542
Meryl Streep - Acerca do abuso de poder, bullying e instinto de humilhar dos que têm poder servir de livre trânsito para os outros imitarem, acerca do dever de oposição, denúncia e seriedade do jornalismo e das pessoas que podem, e devem, falar a verdade, acerca do modo como se tratam estrangeiros...
... infelizmente é só pão, fiambres, queijos, bolos e chocolates.
Quando é que alguém faz alguma coisa para acabar com a escravatura das mulheres às mãos de assassinos? Quando é que alguém tira o tapete a todos os países que vivem da escravatura das mulheres?
... na verdade a ideia não não é minha, é de um amigo, mas parece-me ter mérito. Punham-se lá todos, depois faziam romarias uns aos outros e, sem ofensa nem desprimor para ninguém, não incomodavam desnecessariamente os outros que estão no Panteão Nacional.
“History is a set of lies agreed upon.” – Napoléon Bonaparte
A provável trasladação de Mário Soares para o Panteão Nacional não poderá acontecer antes de janeiro de 2037 - vinte anos depois da morte.
A que propósito é que o Mário Soares iria para o Panteão Nacional? Já começam os exageros histéricos. Só falta quererem substituir a estátua em Guimarães pela dele.
Isto é um abuso... não têm nada que mandar as pessoas prestar homenagem seja a quem for. Soares não foi só o homem de 75 na fonte Luminosa. "Mário Soares, que foi fundador do Partido Socialista, primeiro-ministro em três governos e cumpriu dois mandatos como Presidente da República," e nestes cargos nem sempre foi bom, foi polémico, dividiu o país porque era acima de tudo um homem do seu partido, que não é o partido de todos os portugueses e, depois disto tudo, ainda foi outras coisas mais polémicas...
"... a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, descrevendo o antigo Presidente da República como o símbolo da liberdade no país." Ele não é o simbolo da liberdade que esse título cabe ao Salgueiro Maia e aos outros capitães de Abril. Ele tem um papel importante em 75 como também o têm o Jaime Neves e o Ramalho Eanes e penso que ficarão os três igualmente para a História por esses momentos importantes nesse ano decisivo.
Ele era uma pessoa contraditória. Quando se diz que ele foi o político mais marcante no pós-25 de abril, o termo marcante, quer dizer que marcou e, de forma profunda, porque esteve activo na política quase até morrer e sendo a pessoa que era, a sua presença marcava, mas não quer dizer que a sua acção foi positiva em todo esse tempo porque não o foi, nem de perto nem de longe.
Achar-se que é um dever as pessoas esquecerem a História recente e terem que prestar-lhe homenagem... que abuso. Percebemos que o PS queira capitalizar a figura do Dr. Mário Soares, infelizmente isso é típico do MO dos partidos mas, daí a aceitarmos endoutrinações vai um grande passo.
Estes foram os dois grandes momentos políticos de Soares no pós-25 de Abril. Momentos de lucidez e de coragem. Do resto que fez, não é hoje o dia de falar.
19 de Junho de 1975, discurso na fonte luminosa: arquivo da RTP.
Na voz do seu secretário-geral, Mário Soares, é exigida a demissão do primeiro-ministro Vasco Gonçalves e referida a ameaça de paralisar o país.
«Paranóicos», «dementes», «irresponsáveis que não representam o povo português». No comício da Fonte Luminosa, Soares colocou o PS como a maior força anti-PCP daquele tempo.
Foi a 19 de julho de 1975, um sábado. Estávamos no verão quente. A temperatura política já tinha começado na primavera, depois do 11 de março, quando o PCP começou a aumentar a sua influência social. O primeiro-ministro era Vasco Gonçalves, que chefiava o seu quarto Governo provisório. Os ministros do PS tinham abandonado o Governo nove dias antes. No quinto Governo de Vasco Gonçalves, que tomou posse em agosto de 1975, o PS já não participou.
O comício da Alameda Afonso Henriques – ou da Fonte Luminosa, que fica no mesmo sítio, como também ficou conhecido – foi um marco na revolução e um dos episódios mais simbólicos do combate ao PCP feito pelo PS. Mário Soares conspirou com a Igreja, grande opositora do avanço comunista, para fazer do comício da Alameda uma das maiores manifestações da revolução. Nas missas, os párocos de Lisboa fizeram apelos à participação dos católicos na manifestação do PS. As relações de Soares com a Igreja foram especialmente próximas neste período, apesar do ateísmo confesso do secretário-geral do PS. Além de saber que seria impensável repetir os erros da I República – que hostilizou a Igreja Católica – Soares sabia que a Igreja seria uma poderosa aliada para o seu grande combate: evitar a criação de «uma Cuba europeia».
O organizador do comício foi António Guterres, agora eleito secretário-geral das Nações Unidas que, naquele tempo, era o homem da organização do PS. Foram vários os oradores, todos dirigentes socialistas. Falaram o líder parlamentar socialista António Lopes Cardoso (falecido em 2000), os deputados Luís Filipe Madeira (pai da ex-deputada socialista Jamila Madeira), Alfredo Carvalho, Marcelo Curto (falecido em 2001).
Salgado Zenha (falecido em 1993), que era o número 2 do PS e ministro da Justiça, já demissionário, foi o penúltimo orador. Mário Soares foi o último a falar, já passava das 10 da noite.
O discurso é de uma violência extrema contra o PCP e contra Vasco Gonçalves. Soares exige a demissão do general e ameaça que «o PS pode paralisar o país». Acusa o PCP – «esses irresponsáveis» – de ter criado «uma campanha alarmista sem precedentes» para travar a manifestação da Alameda, com barricadas a tentar impedir a chegada de manifestantes a Lisboa. Chama-lhes mesmo «paranóicos» e «dementados». «É uma cúpula de paranóicos a direção do PCP», diz Mário Soares, acusando também os dirigentes da CGTP-Intersindical de serem «uma cúpula de irresponsáveis que não representam o povo português».
No entanto, Soares faz questão de explicar que o programa do PS não era ilegalizar o PCP. «Dizemos que a reação não passará, mas dizemos também que a social-reação não passará. Temos dito, e prova-se na prática da nossa ação política quotidiana, que nós não somos anticomunistas. Quem está a provocar o anticomunismo, como nem Caetano nem Salazar foram capazes de provocar é a cúpula reacionária do PCP».
Apesar das críticas que lhe fez ao longo dos anos, a direita não esquece o comício da Alameda.
Isto é PARTIS. Ou como a arte pode transformar a vida de reclusos, jovens em risco, refugiados, pessoas isoladas ou com deficiência.
Quatro dias com Música, Documentários, Teatro, Artes Circenses. De 12 a 15 de janeiro, a entrada é livre na Fundação Calouste Gulbenkian.
Mais informação em: bit.ly/IstoePARTIS
Uma pessoa liga a TV para ver a notícia sobre o Soares e num canal está o Sampaio noutro o Socas... livra! Estes dias vão ser de promoção de adejantes (no sentido platónico) deste calibre.
Agora é o SS... o Louçã... isto vai ser difícil de ver...
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