New York City public school teachers may not contact students through personal pages on Web sites like Facebook and Twitter, but can communicate via pages set up for classroom use, the Education Department said Tuesday after it released its first list of guidelines governing the use of social media by employees.

 

Uma coisa é haver códigos de conduta nas comunicações 'online' entre professores e alunos outra é só poder comunicar pom os alunos em 'moodle' ou outras plataformas semelhantes. E não haver privacidade... privacidade não é a mesma coisa que ter segredos.

Muitas vezes os alunos vêm ter connosco pedir ajuda para uma coisa ou outra e falamos com eles em privado. Não é que estejamos com segredos mas é por que há assuntos que não são públicos.

À conta desta falta de bom senso e desconfiança que lançam para todos os professores conheço um colega que nunca fala com os alunos em privado. Se um aluno/a pede para lhe falar no fim da aula, por exemplo, ele pede a outro ou outros alunos que fiquem dentro da sala para serem testemunhas da conversa. Disse-me um dia que como as coisas estão hoje em dia em termos de terem lançado tanta desconfiança para cima dos professores, tem receio que uma aluna qualquer o acuse de conduta menos própria por causa de notas ou algo do género e que já não é como antes em que as autoridades e os pais confiavam, por princípio, mais na palavra dos professores que na dos miúdos.

 

Acho estas iniciativas uma espécie de minas que explodem qualquer relação de confiança que pudesse haver entre ambos, porque é o mesmo que um pai/mãe dizer ao filho/filha, 'olha, pede ajuda ao teu professor sempre que precisares mas, tem cuidado, não confies nele, nunca fales com ele sem ser em público'. Como se os professores não fossem pessoas de confiança mas sim pessoas perigosas.

Quer dizer, no dia em que só pudesse falar com os meus alunos numa sala de conversa pública com a supervisão de um Diretor como se fosse uma condenada na hora da visita, ou uma irresponsável, deixava de falar com os alunos em particular e fazia como este meu colega.

Não estou com isto a dizer que não haja professores com condutas impróprias mas lançar um anátema de desconfiança entre pessoas cuja relação depende justamente da confiança e respeito.. bem, qualquer dia nenhum aluno procura o seu professor seja para o que for, o que é triste e dramático, tendo em conta que em geral é aos professores que muitos miúdos pedem ajuda em situações difíceis.

Também sabemos que muitos pais têm condutas imprópria e que a grande maioria dos abusos são cometidos em casa mas a solução não é proibir os pais de estar a sós com os filhos ou ter câmaras de tv para os monitorizar.

 

Os pais é que têm obrigação de acompanhar os filhos nas redes sociais, pelo menos até certas idades. Ter acesso às suas páginas. Falar-lhes dos sinais de perigo, educá-los para esses sinais de perigo, etc.

As coisas na educação vão de mal a pior. É como diz um colega, 'na opinião de toda a gente a escola seria uma sítio óptimo se não fosse aquele problema de ter lá alunos e professores'

 

Numa cena do filme ‘Detachment', Adrian Brody, que se mantinha como professor substituto para nunca ter tempo de se ligar aos alunos e sofrer com isso (daí o título do filme), depois de ter estabelecido ligação com uma turma torna-se uma espécie de modelo para uma aluna de 16 anos, 'gótica' e obesa que tem problemas com um pai que oscila entre o cruel e o ausente.

A rapariga confia nele e um dia pede-lhe para falar com ele no fim da aula. Desabafa com ele e acaba por agarrar-se a ele a chorar e ele dá-lhe um abraço, mas uma coisa muito de conforto de adulto sem nenhum pingo de impropriedade. Aliás, é aí que ele enquanto professor deixa de ser 'desligado' dos alunos. É essa aluna que o leva a ligar-se aos miúdos e seus problemas. Nisto, uma colega professora abre a porta da sala, vê-os assim e começa a gritar com ele a dizer que aquilo é impróprio. Ele fica constrangido, a miúda foge, nas aulas seguintes ele volta a desligar-se, sobretudo da rapariga que mantém à distância para evitar equívocos. A aluna suicida-se... não se suicidou por causa dele, mas acontece que ele era, naquela exacto momento difícil da vida dela, a única pessoa que podia tê-la salvo.

Excepto que a educação e os professores estão cada vez mais impedidos de ser pedagógicos e de se ligarem aos alunos duma forma pedagógica porque toda a relação professor-aluno é cada vez mais de desconfiança jurídica.

 

Esse é, penso eu, o grande paradoxo que mais inquina todo o ensino: enquanto por um lado se clama que os professores para serem bons têm que gostar da profissão, o que significa ter uma boa relação com os alunos, ter disponibilidade para eles, etc. por outro lado quere-se, ao mesmo tempo, que os professores mantenham uma distância formal dos alunos. Ora, onde há distância não há proximidade, não há ligação, há alienação: o professor é um estranho para o aluno e vice-versa - não é possível o ensino ser eficaz numa relação em que ambos são seres estranhos um para o outro.

Um professor só é eficaz se o aluno o vê como um modelo de comportamente e de conhecimento. Alguém a quem respeita mesmo que nem sempre lhe obedeça. Alguém em quem confia. Um professor nunca será eficaz se o aluno o vê como um funcionário que é exactamente como hoje em dia o ministério e a sociedade em geral quer que os alunos vejam os professores: funcionários que não são de confiança e devem ser vigiados e mandados.

É assim que está, cada vez mais, a educação: os professores têm que ser tudo e o seu contrário também.