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até que enfim

por beatriz j a, em 30.06.10

 

 

Educação
Presidente da República recebe pela primeira vez Fenprof para conhecer preocupações dos professores
Este presidente, durante o mandato da outra, nem uma única vez recebeu os professores ou sequer se interessou pelos problemas da educação. Em contrapartida, interessou-se muitas vezes pelos problemas da Maria de Lurdes Rodrigues, essa incompetente ignorante de tudo o que tem a ver com a educação.
Pessoalmente, não me esquecerei disso na hora de votar.

publicado às 21:34

 

 

 

 

 

 

 

Aqui há tempos um amigo dizia-me que gostava de ouvir esta cantora mas que os amigos intelectuais achavam que não é o tipo de música que se deve ouvir. Não percebo este tipo de pedantistmo. Faz-me lembrar as pessoas que de repente ficam cheias de dinheiro e vão comprar uma biblioteca, assim a eito, e então acham que só devem lá ter livros clássicos ou obras muito reputadas nos círculos literários e intelectuais.

Qualquer leitor digno desse nome sabe que lemos um pouco de tudo consoante as necessidades e disposições. Às vezes lemos para estudar, outras apetece um livro sobre uma viagem outras uma biografia, às vezes poesia, às vezes leio dicionários, gosto de ler temas e figuras da História, já gostei muito de policiais, de histórias de sobrevivência... às vezes dá-me para ler O Sheik...lol, ou outra cena qualquer.

Com a música é a mesma coisa. às vezes estamos numa de Wagner ou Beethoven ou Handel; às vezes estou numa de rock, outras de blues, outras de grundge, também gosto de heavy metal, até de rap (às vezes). Mas de vez em quando apatece-me ouvir música pop ou música de charme.

Essa coisa de a pessoa só ouvir um tipo de música como quem usa sapatos de uma marca porque da outra é popularucho...não entendo.

O gosto educa-se sim. Mas não tem que se reduzir ao que agrada a certos críticos ou círculos. Eu cá sou muito livre de gostar do que gosto e não gostar do que não gosto, mesmo que seja a grande moda intelectual. E não tenho problemas com isso. Gosto dos Sex Pistols! E não quero saber do que os outros pensam acerca disso.

Não me esqueço que a minha mãe, que era pessoa muito culta e de muito bom gosto, leitor compulsiva, tinha, entre os milhares de livros, toda a colecção Corin Tellado que, para quem não saiba, era uma escritora espanhola de livros de 'pinga-amor' de imenso sucesso. Escevia a metro, como se costuma dizer, de modo que todos os meses saia um romance. Ela vendeu-os, numa altura em que precisou. Foi uma das primeiras colecções de livros de bolsos vendida em Portugal e ela tinha-a completa de modo que valia dinheiro - porque os livros isoladamente não valiam nada. Eram literatura de cordel. Era o tipo de livro que se lia quando se tinha uma hora sem nada para fazer. Lia-se numa hora. Vinham com uma fotografia de um actor ou atriz de Hollywood na contracapa.  Li-os todos. Não me parece que me tenha causado alguma doença. E certamente livrou-me do pedantismo intelectual.

publicado às 13:43


times, they are changing

por beatriz j a, em 30.06.10

 

 

Ou eu não ia à cabeleireira há muito tempo...hoje resolvir ir lá para acabar com as barracas de andar ruiva à toa. Ela apanhou-me lá sozinha e convenceu-me a fazer uma hidratação do cabelo e outras cenas. Nas horas que lá estive entraram dois homens (que ela tem uma esteticista a trabalhar lá com ela) para fazer depilação. O primeiro foi tirar os pelos do peito. O segundo tirou-os todos, da cabeça aos pés. Esteve lá mais de uma hora bem contada. Quando ele saiu diz a estéticista, que é brasileira, 'nóssa! nuncá vi tanto pelo, fiquei suándo di tanta cámáda di cera'.

Os tempos mudaram mesmo. Não só pelos homens se depilarem como as mulheres, mas até por fazerem-no no mesmo sítio e já não ser preciso haver diferença entre cabeleireiros de homens e de mulheres.

 

publicado às 12:57


first eyes

por beatriz j a, em 30.06.10

 

 

 

mel odom

 

publicado às 08:32


autch..

por beatriz j a, em 29.06.10

 

 

Conheço quem esteja neste momento a fazer exame de espanhol na casa do inimigo...

 

publicado às 19:06


UOTEEE???!!!

por beatriz j a, em 29.06.10

 

 

 

Pinto Monteiro

PGR: Não há na Europa melhor Justiça que a portuguesa

 

É caso para perguntar: o que é que servirão de bebidas lá na cantina dos advogados??

 


publicado às 13:40

 

 

Obras. Três milhões de euros gastos em 19 escolas que podem fechar

 

"A confusão do Ministério da Educação [ME] é grande", acusa Rui Martins, da Federação Regional das Associações de Pais de Viseu. "No dia 30 de Março, a proposta do ministério era encerrar cinco escolas e um jardim-de-infância. A 29 de Abril, eram 11 escolas e dois jardins-de-infância. A 19 de Maio já eram oito escolas." Se o rácio proposto pelo ME fosse cumprido, encerrariam, no concelho de Viseu, 23 estabelecimentos. "E a câmara tem modernizado todo o parque escolar, com custos a rondar os 3 milhões de euros", garante Rui Martins. "Este é o panorama da autarquia de Viseu. Basta multiplicar estes valores pelas restantes câmaras para ter uma ideia do esbanjar de dinheiro."

As queixas são consensuais: houve desperdício, sobretudo porque no entender dos autarcas a última decisão do ME passa por cima daquilo que foi homologado, nos últimos anos, nas cartas educativas. "No Baixo Alentejo, e perante a desertificação, o limiar de 11 alunos sempre foi considerado consensual", diz Francisco Caldeira Duarte.

 

por exemplo:

 

(escola)Várzea de Abrunhais, Lamego


Tem 24 alunos e no próximo ano lectivo já não abre as portas. Ganhou, em 2009, o prémio de uma das escolas mais inovadoras do mundo, atribuído pela Microsoft, pela maneira como as novas tecnologias são aplicadas ao ensino. Em Setembro, os alunos serão transferidos para o novo centro escolar da Ferreirinha, a seis quilómetros.

 

 

A outra acabou com os professores, esta acaba com as escolas.

Quando acabar o mandato e lhe perguntarem, 'então o que fizeste pela educação durante o teu mandato', a resposta dela será, 'fechei escolas, demiti pessoas, despedi professores, prometi que mexia no estauto do aluno para repôr a autoridade dos porfessores, prometi que ia melhorar o número de alunos por turma e os horários dos professores, mas menti...bem, na realidade, pela 'educação', não fiz nada. Mas tratei da minha vidinha.'

publicado às 07:50


faz anos o principezinho

por beatriz j a, em 29.06.10

 

 

 

- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

 

Saint-Exupéry

 

 

publicado às 07:33


insónia...nessum dorma

por beatriz j a, em 29.06.10

 

 

Discute-se muito qual é a melhor versão de Nessum Dorma da Turandot de Puccini. Ouvi o Pavarotti cantá-la no Coliseu dos Recreios em 90 e tal. Muito emocionante. Ele tinha uma voz excelente para cantar os italianos, sobretudo o Bellini, o Puccini. Mas nunca o ouvi cantar esta ária em palco, numa representação da ópera. Só em concerto. É totalmente diferente. Esta ária aparece na ópera depois do 1ºacto, que é muito violento,  ter sido cantado, depois do segundo acto também. Não é nada fácil cantá-la depois de horas a esforçar a voz.

A Deanna Durbin cantava esta ária, em inglês. Acho que é a única mulher que canta esta ária (que foi escrita para tenor).

Pessoalmente, a interpretação que mais gosto desta ária é a do Franco Corelli que tinha uma voz linda, cheia de força, beleza e virilidade. Mas as gravações dele em vídeo são antigas. Esta também não é nova. Mas é boa. É de uma representação no Scala de Milão. Ele canta de um modo que parece fácil. Só no fim quando o vemos a tentar recuperar o fôlego nos apercebemos do esforço a que a ária obriga.

 

 

 

 

publicado às 00:52


música online

por beatriz j a, em 28.06.10

 

waldbüne

 

 

Sou assinante da Medici.TV que é uma estação online dedicada à música clássica. Pago dez euros por mês e tenho acesso a ver em directo óperas, concertos, assisitir a documentários, filmes, etc. Ontem estive a ver o famoso concerto de Waldbühne deste ano em Berlim. Chamou-se 'A Night of Love', com a René Fleming. Foi excelente como é costume.

Durante imenso tempo o concerto ficará online e podemos revê-lo as vezes que quisermos. Também tem Video On Demand. É muito barato descarregar uma ópera, um concerto, etc.

Para quem mora em Portugal e não tem muitas oportunidades de ver ao vivo boas produções, um site destes é  uma preciosidadezinha, e ainda por cima relativamente barata.

Os espectáculos de música clássica são muito caros, sobretudo as óperas, que incluem músicos, actores, cantores, cenografistas, maestros, etc. e Portugal não tem dinheiro para ter uma temporada de ópera como deve ser. Se não fosse a Gulbenkian isto era mais ou menos um deserto.O que é uma pena porque temos muita tradição na música. em Setúbal há imensos conservatórios e muitos alunos aprendem música.

Trazer cá primeiras figuras sai caríssimo, o teatro de s. Carlos é pobre e pequeno, não tem espaço para cenários. Muito inventivos são eles! Mas de vez em quando há grandes barracas.

Lembro-me de ir ver uma Carmen. No primeiro acto o cenário era uma palmeira no meio do palco. No segundo acto, uma palmeira no meio do palco. No terceiro acto...uma palmeira no meio do palco.  lol.

Uma tia minha que já morreu e que era grande melómana contou-me que lá pelos anos cinquenta foi ver uma Aida ao S. Carlos. No segundo acto, na cena em que o Radamés regressa ao Egipto vitorioso, onde é suposto entrarem cavalos no palco e tudo, o máximo que arranjaram foi uma vaca que carregava alguns dos despojos da guerra. Não é que a vaca se sentou no meio do palco e não se levantava! Que cena! A minha tia contava que foi uma risota, estragou completamente o momento que deve ser majestoso...lol. Acho que a coisa já estava cómica porque não havia muitos figurantes de modo que eles entravam por um lado no palco e quando saiam davam a volta a correr para entrarem de novo com outros objectos e isso.

Enfim, nunca apanhei uma barraca dessas e até já lá assisti a espectáculos muito bons. Mas é raro. Uma pessoa tem de escolher muito bem o que vai ver para não dar 100 euros por um bilhete e sair de lá chateada.

 

publicado às 18:43


is this a joke?

por beatriz j a, em 28.06.10

 

 

Provedora
'Casa Pia é uma das instituição mais seguras a trabalhar com crianças'

A provedora da Casa Pia de Lisboa (CPL), Joaquina Madeira, garantiu hoje que a instituição é hoje «uma das mais seguras» a trabalhar com crianças, porque está «alerta» a eventuais sinais de abuso sexual.

publicado às 16:48


reciprocidade

por beatriz j a, em 28.06.10

 

 

A regra mais importante das relações humanas é a da reciprocidade. É válida nas relações formais profissionais e nas pessoais também. Um trabalhador trabalha com valor e lealdade, o empregador deve reconhecê-lo. O contrário també é verdade. Um patrão lida com os trabalhadores com justiça e lealdade, o trabalhador deve reconhecê-lo. Isto é o que tem falhado nas relações entre o ministério e os professores. É que, mesmo que os professores façam um excelente trabalho, o ministério ignora-os e trata-os como coisas para serem manipuladas.

É o mesmo nas relações pessoais. Imagine-se o que era uma pessoa estar sempre disponível para outra, sempre presente, sempre a querer estabelecer uma ligação, um diálogo e a outra sempre ausente, sempre esquiva, sempre desaparecida...onde não há reciprocidade, os fios invisíveis que ligam as pessoas quebram-se, primeiro por mal-entendidos que se geram sempre onde não há diálogo e, depois por cansaço de não se ser levado a sério e de se ser tratado como... qualquer coisa que está ali em stand-by para o prazer pessoal de alguém...é evidente que isso é entendido como uma ofensa e gera ressentimentos, deixa marcas.

 

publicado às 14:11


ver-me assim ferida

por beatriz j a, em 28.06.10

 

 

Brett Lethbridge

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Ver-me assim ferida

Peito ao vento

Cabeça erguida

Pela memória do tempo


Embrulhada no pano

Do povo, vermelho

Do sangue oferecido

Dobro meu joelho


O corpo ergo

Meu nome

E força em mim albergo

Pátria hoje de fome


Esquece o momento

Ergue-te, responde

À chamada do tempo.


bja

 

publicado às 13:39


esquecer, não esquecer?

por beatriz j a, em 28.06.10

 

 

Por causa dum texto que li a propósito do artigo da Maria Lurdes Rodrigues no Expresso que a desculpava e até lhe desejava felicidades pus-me a pensar numa conversa com o André sobre os problemas inerentes à reconstrução de nações que passaram  por processos de extrema violência -genocídios- e pareceu-me que se pode fazer um paralelismo com a situação política do país.

Na reconstrução de um Estado que passou por processos internos de violência a questão que se põe é de saber se é melhor uma política de reconciliação, como foi feito na África do Sul, de modo a que não se prolongue a guerra civil, ou se se deve levar as pessoas à justiça dos tribunais.

Quando se opta pela reconciliação o que se faz é eleger uma 'Comissão de Verdade' que constrói uma narrativa dos factos passados que seja aceite por ambas as partes como 'A Verdade' histórica. Depois, vão todos à sua vida e esquecem o passado, por assim dizer.

Só que, em alguns casos, onde o 'mal radical' andou à solta, isso seria obsceno. Não podemos imaginar as vítimas de nazis a terem que se reconciliar com os seus carrascos. Ou dos Ruandeses, ou dos que agora no Congo dizimam as mulheres.

O problema é complicado, mas não fazer nada, isto é, nem reconciliar nem levar os culpados à justiça implica deixar toda a Nação em causa com uma mancha que afectará depois a todos, mesmo às vítimas. Veja-se o caso alemão onde ainda se alarga a acusação de 'nazis' ao povo como um todo.

 

Isto pode usar-se para pensar na política portuguesa (salvo as devidas distâncias, claro) do seguinte modo: é hoje evidente que o povo vê os políticos, as pessoas que têm poder, como inimigos, pessoas que conseguem elevar-se aos cargos com o único intuito de cuidar da sua vida particular, sendo que, para o fazer, esventram o povo e deixam-no refém de 'outsiders'.

Devemos, de cada vez que muda um governo, desejar felicidades aos anteriores  indistintamente, tanto aos que fizeram bem ou aos que erraram mas dentro dos limites da sua competência como aos que, com visível má-fé, recursos a mentiras e ilegalidades prejudicaram, às vezes até à morte, aqueles que com o seu trabalho sustentam o país? Devemos desejar felicidades à mª Lurdes Rodrigues, agora que já não está no governo? Ou ao Sócrates e ao Vara e outros daqui a um certo tempo? Pessoas que se usaram dos cargos com extremo prejuízo para os outros, umas vezes por ganância de dinheiro outras por sede de poder? Acho que não.

 

Penso que desvalorizar contribui, em primeiro lugar para pôr uma mancha em toda a classe política, o que me parece injusto, pois muito políticos, nomeadamente pouco conhecidos, que andam pelos gabinetes, tentam fazer o seu melhor, e também não ajuda à responsabilização que deveria existir, em casos de corrupção, favoritismo, etc. É preciso não esquecer que estes problemas não matam mas vão moendo, até ao fim - a Grécia está na falência total por causa dessas não responsabilizações. O povo deixou de acreditar nos políticos como um todo e começaram uma vivência de 'isto é cada um por si'; em segundo lugar acho que contribui para que essas pessoas, passados uns anos, voltem a ocupar cargos importantes e destilem os mesmos vícios de corrupção do passado. Aliás, a Mª Lurdes Rodrigues deve estar neste momento a dar cabo da Fundação para onde foi, porque é uma pessoa muito limitada e incompetente para trabalhos em que tenha de lidar com pessoas não-escravas. Provou-o vezes sem conta. Um dos problemas do nosso país não é o de os que estão no poder serem os mesmos de há 30 anos, a perpetuar os vícios de poder, corrupção e tráfico de influências?


Eu não desejo felicidades àMª Lurdes Rodrigues e revolta-me que tenha sido premiada - faz-me lembrar certos Comissários da antiga URSS que eram nomeados para dizimarem o povo e, se faziam o trabalho com brio, era promovidos. Só que o 'brio' era medido pela quantidade de mal que conseguissem fazer.

Valorizar a incompetência, o desrespeito pelos direitos dos outros, pela legalidade, pela dignidade no trabalho parece-me um precedente muito perigoso que abre a porta ao cepticismo alargado a toda a classe política e ao início duma vivência de 'isto é cada um por si'.

Não acredito em branquear e desvalorizar as consequências da corrupção, clientelismo e abuso de poder. Corroem as fundações de um Estado.

publicado às 10:56


livros - os filósofos e o amor

por beatriz j a, em 27.06.10

 

 

 

 

É sabido que o Amor foi um tema mais ou menos ignorado pela história da Filosofia, desde que Platão falou dele, no Banquete. Como referem Eduardo Lourenço  no prefácio deste livro e as autoras na introdução, foi  preciso chegarmos ao século XIX para que um filósofo, Schopenhauer, voltasse a falar dele,"Deveríamo-nos surpreender bastante por uma questão com um papel tão importante na vida humana nunca ter sido, digamos, tomada em consideração pelos filósofos, aparecendo-nos como um assunto sobre o qual ainda ninguém se debruçou" ,diz ele. Provavelmente pelo facto da Filosofia se entender como um exercício da razão e o amor aparecer como estranho aos limites da razão, e também pelo facto da história da Filosofia, por razões de acesso à educação, ter sido dominada quase em exclusivo por homens em sociedades masculinizadas no sentido mais negativo do termo, desde o fim da era clássica grega.

Até ao século passado a ideia do Amor, que era tratada quase exclusivamente pelos poetas e escritores, estava dominada pela ideia platónica de Eros como Daímon, uma espécie de semi-deus, que proporciona uma antevisão da eternidade.

No século XX, como se sabe, a psicanálise de Freud, que inventou motivações sexuais para quase tudo o que fazemos, de tanto reduzir o Amor ao Sexo acabou com ele, por assim dizer, enquanto assunto passível de reflexão objectiva. Como se fosse uma ilusão ou recurso literário, e nada mais, foi arrumado na prateleira das coisas menos sérias, apesar de se saber que há quem tenha morrido por desgosto de Amor, como dizem as autoras do livro.

Apesar de lhe virarem filosoficamente as costas, muitos filósofos foram marcados por esse sentimento de Amor que jogou papel importante nas suas vidas, às vezes ao ponto de lhes mudar completamente o rumo.

A pouca reflexão que existe sobre o tema é quase toda masculina. Provavelmente isso terá tendência a mudar.

Este livro aborda o pensamento de 13 filósofos  -11 homens, duas mulheres-  sob o tema. Vou começar, não pelo primeiro mas pelo Jean-Jacques Rousseau que, como se sabe, teve uma vida complicada de paixões inflamadas.

publicado às 19:06

 

 

 

 

 

 

'Eles [os Romanos] reconheciam que os verdadeiros princípios da vida social, leis, agricultura e ciência que tinham sido inventados pela sabedoria de Atenas, estavam agora firmemente estabelecidos pelo poder de Roma cuja influência auspiciosa tinha reunido num único governo e língua comum os destemidos bárbaros. Eles afirmavam que com o desenvolvimento das artes as espécies humanas se tinham multiplicado visivelmente. Celebravam o esplendor das cidades e a beleza da paisagem campestre, cultivada e adornada como um imenso jardim; e o longo festival da paz, desfrutado por tantas nações esquecidas das antigas animosidades e livres de apreensões de futuros perigos.'  Quaisquer que sejam as suspeitas que o tom de declamação retórica destas passagens possam levantar, a sua substância está de acordo com a verdade histórica.

Era difícil que os olhos dos contemporâneos pudessem descobrir nesta pública felicidade as causas latentes da decadência e da corrupção. Esta longa paz e o governo uniforme dos Romanos introduziu um lento e secreto veneneo na vitalidade do Império. As mentes dos homens reduziram-se gradualmente ao mesmo nível, o fogo do génio extinguiu-se e até o espírito militar se evaporou. Os nativos da Europa eram bravos e robustos - Espanha, Gália, Bretanha e Illyricum [Albânia] forneciam excelentes soldados às legiões e constituiam a verdadeira força da monarquia. Embora o seu valor pessoal não tivesse desaparecido, já não possuíam aquela coragem pública que se alimenta do amor pela independência, o sentimento da honra nacional, a presença do perigo e o hábito do comando. Recebiam leis e governadores da vontade do soberano e confiavam a sua defesa a um exército mercenário. A posteridade dos seus mais corajosos líderes estava contida nas fileiras dos cidadãos e súbditos. Os melhores espíritos andavam na corte ou no 'staff' dos imperadores; e as províncias desertas, privadas de força política e união, afundaram-se insensivelmente na lânguida indiferença da vida particular.

 

Edward Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire

 

 

O Gibbon podia estar a falar da situação da Europa de hoje que o discurso adapta-se que nem uma luva.

 

publicado às 10:08


coisas belas

por beatriz j a, em 27.06.10

 

 

Juniper bonsai

 

 

Poema das Coisa Belas

 

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?

António Gedeão, Poemas póstumos (1987)

 

 

publicado às 09:58


robin hood

por beatriz j a, em 27.06.10

 

 

 

 

 

 

 

Fui ver o Robin Hood, que é uma prequela do Robin Hood com a história que conhecemos (mais ou menos).

É um grande filme de aventuras à antiga com a mão do Ridley Scott em todo o lado. Um filme cheio de grandes actores, com uma fotografia fabulosa -de cortar a respiração, em algumas cenas, como é o caso do plano do estuário do Tamisa-, uma realização muito boa na maneira como passa das cenas intimistas às de acção, que são bastante complexas, e na constante contextualização da acção. Um filme com sentido de humor que dá gosto ver também pelo conteúdo - uma história de virtudes: lealdade, valor, coragem, amizade, amor, honra. Uma história de luta pela liberdade e pela justiça. É um contraste tão grande com os tempos em que vivemos que saímos de lá bem dispostos (os mais maus morrem em vez de serem nomeados para a PT...).

O filme acaba com uma pequena animação, já nos créditos finais, inesperada e excepcional - uma espécie de resumo do filme em meia dúzia de pinceladas em animação. Vemos as florestas e a vida nas verdes florestas, o derramar do sangue vermelho nas batalhas, os barcos no azul do mar, o cinzento das cotas de malha e das espadas. Muito bonito.

Um filme, filme. Cinema. Faz lembrar os épicos do Errol Flynn, mas em versão actual, mais realista.

publicado às 02:12


What is love (Baby Don't Hurt Me)

por beatriz j a, em 27.06.10

 

 

 

publicado às 01:56


dar de caras com isto dá voltas ao estômago

por beatriz j a, em 26.06.10

 

 

A Maria de Lurdes Rodrigues na capa do Expresso a dizer mal dos professores -a única coisa que parece saber fazer- é um despudor, dela própria, que devia estar calada, se tivesse alguma consciência do mal que causou e da sua completamente imerecida promoção ao 'tacho' em que está, e é uma desilusão do jornal Expresso que continua a dar protagonismo a uma das pessoas mais mal formadas e incompetentes que alguma vez passaram por um governo da República.

Nem de propósito, a figura horrível dela vem mesmo debaixo de outra notícia que mostra como se sobe na vida neste país - o ex-assessor que agora vende chips para SCUT.

 

 

publicado às 15:18

Pág. 1/7



no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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